Para seu conhecimento

Blogues ou passerelles:
Quem manda na moda?
O mercado diz que é a Net

por Nelma Viana
21.09.2010

Como a moda no ciberespaço pode ser uma tendência e quais os blogues e sites de lojas online obrigatórios para manter o estilo

Procure o que quiser na internet que é quase certo que encontra. A realidade online é um mundo, isso já se sabe, e a oferta de produtos disponíveis, se ainda não é infinita, para lá caminha. Para perceber a tendência há que recuar até 2006. Até então o consumidor tradicional fazia compras de forma igualmente tradicional: saía de casa, entrava numa loja, escolhia o produto, experimentava e, no fim, pagava e saía consciente de ter feito uma grande compra.
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Com o boom das vendas online, na verdade, só mudou a dinâmica. O "ir às compras" foi naturalmente substituído por umas horas em frente ao PC e a seleccionar, entre sucessivos cliques, o objecto de desejo do momento. Na moda, isso só foi possível depois de as lojas de roupa terem alargado as suas vendas ao mundo virtual. É um ciclo vicioso. Com o aumento da procura, a oferta é obrigada a chegar-se à frente para poder dar resposta aos consumidores.
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E as grandes marcas aprontaram-se em inundar o mercado online. Até Karl Lagerfeld, director criativo da casa Chanel - e um tradicionalista convicto - anunciou recentemente a criação de uma marca de roupa de venda exclusiva na internet. O mesmo Karl Lagerfeld que ainda há pouco tempo criticou publicamente as colecção pensadas para as massas. Remou contra a maré até poder.

Um estudo de mercado europeu realizado em 2008 revela, aliás, que as compras de roupa efectuadas através da internet ultrapassaram, nesse mesmo ano, a venda de material informático, totalizando qualquer coisa como 18,3 milhões de euros, direitinhos para o bolso dos retalhistas online.

E se até há quatro anos eram as passerelles e as revistas de moda a ditar tendências, hoje são os fashion blogs (e bloguistas) que "decidem" o que está "in" e "out", através de sugestões pessoais ilustradas com os modelitos do dia-a-dia. É a moda pensada e concebida de dentro para fora. Isto é, do armário, para as ruas. E tudo sem sair de casa. "As passerelles representam uma perspectiva da moda à qual a maioria das pessoas não tem acesso. É elitista, fechada e complexa.
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Os blogues, por outro lado, são para todos. A barreira para expor e consumir ideias de moda é mínima. Com mais facilidade vem mais visibilidade, e com mais visibilidade faz-se a moda. Não a moda clássica de passerelle, mas a de vestir o que se quer e aparecer na internet como alguém que vale a pena seguir. A YSL não seria a YSL se aparecesse hoje. “Mas provavelmente seria um dos perfis mais seguidos no lookbook.nu", explica Fred Oliveira, especialista em tecnologia e co-fundador do site techcrunch.com.
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Será impossível determinar quantos são os trend-setters online, mas basta uma pequena viagem pelo mundo virtual para perceber que, além de serem aos milhares, alguns subiram de escalão e passaram de blogues a sites de consulta obrigatória para qualquer editor de moda. O style.com será, com certeza, um deles. Por lá encontram-se desde as últimas novidades da estação - definidas, claro está, por quem alimenta o site - até um arquivo exaustivo das passerelles mundiais. Sim, porque os blogues de moda não se assumem de forma arrogante. Optam por simpaticamente complementar - sem interferir - o que ditam as revistas e os designers.
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Fátima Cotta, directora da edição portuguesa da revista "Elle", não acredita que os blogues de moda sejam trend-setters, mas antes opinion makers. "São uma realidade paralela, seguem tendências que já existem e opinam sobre elas. Quem lança tendências são as semanas da moda, os criadores. Reconheço, no entanto, que os designers se possam inspirar nas ruas e nos blogues". Maria Guedes, personal stylist e autora do blogue Stylista, acredita que a proximidade com o público é conseguida quando as "leitoras sentirem que as propostas são a recomendação de uma amiga".
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Opiniões à parte, há sempre maneira de conjugar os dois mundos: consultar a revista online e conferir se as tendências correspondem às propostas dos blogues. Depois é escolher o que se gosta, abrir uma nova janela e aceder à sua loja favorita. E tudo sem sair de casa.

Dicas para não falhar nas compras
Quando decide comprar roupa à distância, depara-se imediatamente com o obstáculo do tamanho e dos números. Não há problema. A maior parte dos sites de roupa online não faz devoluções de dinheiro, mas quase todos aceitam trocas no prazo de 15 dias ou um mês, desde que as peças estejam por usar e com as etiquetas no sítio.

.Vestuário

Antes de efectuar a compra atente na numeração dos tamanhos Para que não haja confusões consulte o site www.onlineconversion.com/clothing.htm. Não se esqueça de definir se é roupa de homem, mulher ou criança – os tamanhos variam de país para país. Procure o seu em Portugal e encontre o correspondente no país de origem da encomenda.
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Sapatos

Tal como na roupa, também a numeração de calçado varia consoante o país e o sexo. Vá a http://www.convertworld.com/en/shoe-size/ e escolha o seu par.
Medidas em Portugal - Se a encomenda vier de Portugal e mesmo assim ainda tiver dúvidas, o guia de tamanhos da La Redoute é uma ajuda preciosa http://laredoute.pt/pt/pt/Static.Pages/SizesGuide.aspx


Blogues a seguir
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Style.com
Completa, este ano, uma década ao serviço da moda. Conjuga as tendências de passerelle com street fashion (quem veste o quê nas ruas) e ainda faz uma perninha pelas passadeiras vermelhas do mundo inteiro. Não corresponde exactamente ao conceito de “fashion blog” – por não ser o diário de indumentária – mas é, sem dúvida, ponto de passagem obrigatória para quem quer estar “in”. www.style.com/

Lookbook.nu
É “a maior fonte de inspiração em moda a partir de pessoas reais”. É mesmo isso. Se for o caso de se considerar uma pessoa com bom-gosto e bom trajar, pode tirar uma fotografia mais ou menos artística da sua indumentária e submetê-la no blogue. Mais tarde ou mais cedo vai aparecer, não se preocupe, pode é demorar umas horas, tal a afluência de fotografias de outros fashionistas pelo mundo fora. Basta identificar-se com nome, idade e localização. O Lookbook é seguido no Twitter por mais de 300 mil curiosos. www.lookbook.nu/

The Sartorialist
Scott Schuman, o homem por trás do blogue, começou por trabalhar em distribuição de moda para marcas como Valentino, mas trocou tudo pela da fotografia. Começou a passear por Nova Iorque de máquina na mão, a fotografar a moda das pessoas reais. Em 2009 foi eleito pela revista “Time” um dos 100 blogues mais influentes nas escolhas dos designers. www.thesartorialist.com/

Stylista

É portuguesa, chama-se Maria Guedes e é a autora daquele que será um dos maiores trend-setters nacionais. Gosta de moda, estudou moda e trabalha com moda. Dá sugestões “de amiga” às leitoras e defende a moda low-cost. www.mariaguedes.blogspot.com/

Lojas online a visitar

. Zara Online
Desde o início de setembro, a Zara alargou a venda de roupa ao mercado online. A novidade foi anunciada em todos os blogues de moda nacionais e foi um frenesim. Portugal foi um dos cinco países eleitos para receber a loja virtual da marca, onde pode encontrar as colecções de mulher, homem e criança disponíveis em qualquer Zara e as encomendas podem ser levantadas na loja ou numa morada à escolha (com um acréscimo de 2,50€ ao preço total da encomenda). www.zara.com/

Net-a-Portêr
É dos sites mais populares no circuito fashionista mundial. Apresenta-se com o mote “o primeiro destino online da moda de luxo”, deixando já antever uma oferta de roupa, sapatos e acessórios de marcas internacionais, ao mesmo preço das lojas. Marc Jacobs, Burberry e Miu Miu são alguns dos designers representados e podem entrar no seu armário com uma simples encomenda no www.net-a-porter.com/

Topshop
É talvez um dos maiores armazéns de moda do mundo (não existe em Portugal, mas já foi criado um grupo no Facebook a pedir uma Topshop em Lisboa) e a versão online oferece exactamente o mesmo que a loja. Estão representados vários designers de renome e até Kate Moss tem direito a uma colecção com o mesmo nome – que esgota no mesmo dia em que é lançada. www.topshop.com/

La Redoute
Começou por ser um catálogo de compras à distância, mas já assentou arraiais na internet. Aqui encontra roupa, acessórios, têxtil-lar e até uma secção de objectos variados. As ofertas constantes podem oferecer descontos até 70%. http://www.la-redoute.pt/

www.ionline.pt/